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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Caminhar

Na minha infância lembro que a tarefa de comprar um tênis era algo relativamente simples. Primeiro que aos infantes, não era permitido decidir que tênis comprar. Essa cabia à mãe, detentora das especificações que o calçado deveria atender e do orçamento para a referida aquisição.
Outro "limitador" era o uniforme escolar. Havia que atender à exigência da escola quanto à cor do calçado.
Lembro também que não haviam muitas opções naquela distante época. Tínhamos o Kichute, execrado pelos educadores e pais por conta do desgaste rápido de suas "travas" de borracha, provocando pisadas tortas nas crianças que os usavam.
Tinha a Conga (alpargatas), lona, soladinho fino de borracha, preta ou branca.
E tinha o Bamba, também em lona, solado mais largo sempre de borracha  branca.
Usei muita conga. Preta, sempre preta. Isso por conta do colégio em que eu estudava, que exigia que o sapato ou tênis fossem inteiramente pretos.
Algum tempo depois o uniforme modernizou e o calçado passou a ser de cor branca. Ahhhh.... minha "linhagem" de Bambas. Lona branca, ilhoses na lateral (para o pé respirar, rsrsrs) e solado e ponteira em borracha branca que ia amarelando com o tempo.
Pegávamos nossas canetas esferográficas e decorávamos os rebaixos da lateral da sola com listas, escritos, desenhos... Minha mãe tinha faniquitos!
Mais tarde, na adolescência a moda eram os tênis modelo yatch, vendidos na Redley e na Cantão. (É molecada, essas lojas são da minha época!) Lembro da longa negociação com minha mãe para que ela me comprasse um. Eram fora do orçamento lá em casa. Mas acabei sendo agraciada com um modelinho.
E, finalmente comecei a usar os modelos de tênis para jogging. Mas isso já nos anos 90.
 
Porquê toda essa introdução? Ah, ontem fui adquirir um par de tênis. E sim, PARA MIM isso é tarefa árdua. Eu não sou fã desse calçado. Sou uma mulher de saltos, peeptoes, sandálias plataforma.
Há uns poucos anos aceitei agregar ao meu rol umas duas rasteiras mas... não gosto.
Tênis deixou de ser calçado obrigatório quando larguei a academia, o que tem muito tempo!
Pilates? Descalça, quer melhor?
Mas, eu caminho. Bem, "caminho" não é a descrição exata para a minha velocidade e aceleração... Mas digamos que caminho, ok?  E vinha caminhando com um sapato de trilha, que para mim atende muito bem a sua função já que é para caminhar em trilha!
Só que por uso extremo por muito tempo, sou uma criatura quebrada, machucada, "engatilhada", e meus recentes "ais e uis" foram atribuídos ao calçado errado.
Meu último par de tênis (jogados no lixo há mais de ano por desintegração) foram comprados quando eu ainda ia à academia ou seja, uns sete anos atrás?
 
Ok. Vamos à escolha então do raio do calçado...
Como assim eu tenho que saber se minha pisada é pronada ou seilámaisoquê? Como assim eu quero um tênis para trainning ou running. E porque um tem "molas" o outro tem sola vazada, um tem refrigeração o outro ajuda na impulsão... Pára! E quero um tênis número 37, que me permita andar sem me preocupar se alguém vai me assaltar os sapatos!
E que modelos e cores mais estapafúrdios são esses? O que houve com o bom e velho branco com branco, preto com preto? Vi tênis que mais parecem sapatos para palhaço! E são sucesso de vendas! Socorro! Cadê o bom senso e o bom gosto principalmente? Onde foi decidido que um tênis tem que ser feio para estar na moda? Desisti...
 
Mas ontem, fui à cata de novo. Desta vez com a correta acessoria da minha irmã. A coisa é assim: eu sou quase uma fashionista (quase!) e quando ela precisa de algo mais up to date, me pede ajuda.
Ela por sua vez, professora de educação física, usuária e conhecedora de? Artigos esportivos!
Lá fomos nós. De cara ela conseguiu limitar o "leque" à duas marcas (ufa!). E aí entrou o meu conceito de estilo. Limei os modelos estapafúrdios, coloridos, que parecem que você calçou um filhote de Alien.
Nada na primeira loja. Minto. Achamos um todo branco! E para running (?)! Quem manda calçar 37? Não tinha minha numeração.
Segunda loja... modelos estranhos e caros! Tá, eu sei que pago 300 reais em uma sandália de salto. Mas uso em lugares que não irão acabar com ela em seis meses, que pedem que você esteja arrumada e porque sou louca por sapatos! (falei) Pagar 600 reais em um tênis? Ele tem que lavar, passar e cozinhar, baby! Fala sério!
Bem, terceira loja. Clarinha (minha irmã) deve ter perdido a paciência pois ela é que saiu escolhendo os modelos e me apontando. Ok, dei o braço a torcer. Estava no campo dela. Achamos um finalmente, o mais branco possível, com um cadarço rosa que o vendedor trocou de pronto por um branco assim que me viu torcer o nariz.
Experimentei, deu e ela começou uma conversa com o vendedor: "até onde vai a placa dele?"- e apontava para o tênis.
Placa? - pensei eu. Que placa? Tem que emplacar esse troço?
O vendedor respondeu mostrando que a "placa" ia até o meio do solado e, virando-se para mim disse que eu estava adquirindo um produto cheio de tecnologia.
Ah, sério? Eu? Que entrei ali querendo um tênis branco, que não custasse uma fortuna e que não parecesse que eu ia para o espaço? Tecnologia à essa altura do campeonato? Sorri e repliquei: "tem câmbio automático, freio abs, direção hidráulica? Dessa tecnologia eu entendo. O tênis, tem que sobreviver à mim somente."
Ai que grossa! Nada disso! Foi uma brincadeira que foi muito bem entendida e recebida. Até porquê, vamos combinar, o cliente tem sempre razão.
E assim, graças à minha amada irmã, sou a proprietária de um tênis com a tecnologia necessária para o meu estilo de caminhar!
 
 

Um comentário:

Marcelle Rebelo disse...

Nossa, você foi comprar tenis com uma personal e especialista...em que mundo estamos? kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Valeu o passeio com a irmã e tô passada com a placa do tenis...rs

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