Os últimos dias têm sido quase monotemáticos para mim. O assunto filhos/crianças tem ocupado minhas conversas, algumas horas de meu tempo e inclusive tirado algumas horas de meu sono.
O mais interessante é que não sou mãe. E não. Não vou mudar esse status. Mas o que segue explicará o que estou a falar...
Nesse sábado último foi a festa de aniversário da pimpolha que é minha sobrinha, filha da minha irmã caçula. Festão! Muitas crianças correndo, brinquedos, pais com bebês, pais "nem aí", pais zelosos, e não pais, como eu.
E para mim foram algumas horas de um episódio de "Além da Imaginação" (não sabe do que eu estou falando? Ahá, jovenzinhos...). Estive em uma realidade estranha, paralela e fora de meus padrões já que estes são ainda os que vivi quando criança, muito diferentes da infância de hoje em dia.
Nos PADRÕES DA MINHA INFÂNCIA, crianças obedecem os pais, não argumentam, muito menos impõem sua vontade.
Esses padrões não me transformaram em uma psicopata, uma louca, alguém que deve ser impedido de viver em sociedade. Então creio serem funcionais ainda.
Mas parece que estou fora de moda, fazer o quê?
Ao final do evento, uma conhecida se arriscou a perguntar: "- Kiki, vendo esse monte de criança, você não se anima a ter umzinho não?"
Minha resposta foi talvez um tanto brusca: "- Muito pelo contrário! Vendo esse monte de criança, percebo que tomei a decisão certa ao não ter filhos!" - amenizei a frase com uma risada ao final mas sei que fui grosseira.
Na segunda logo cedo, me vi escrevendo para uma adolescente parte de minha pouca experiência de vida e assim meio que ilustrar com fatos a resposta à dúvida que a acometia.
Fazia muito isso em meus tempos de chefia escoteira. Além do adestramento regulamentar, costumava cobrir as falhas de informação e consequente desorientação, das meninas que estavam sob minha supervisão. "Cuidava" de dor de cotovelo por final de namoro, até dúvidas sobre sexo.
Minha tarefa? Não. Mas dos assuntos ditos tabus, pais já fugiam àquela época.
Meu pai (principalmente ele) me criou na base do saber. Claro que ele não queria que a filhinha dele andasse por aí com os garotos! Mas, sábio que é, preferiu sempre esclarecer. Armou-me de leituras pertinentes e assim, quando decidi deixar de ser "menininha", pelo menos sabia exatamente o que eu estava fazendo e o que poderia acontecer se não me protegesse.
Assim que revivi de certa forma esses tempos. Espero mesmo ter ajudado a que ela colocasse suas idéias em ordem e tomasse a decisão a que se propunha, com base em informação além de coração e hormônios.
E, na segunda à tarde foi a vez de ter à minha frente, sob minha vista, a prova (confirmando o que todo mundo sabe) de que o uso da internet e redes sociais NÃO É coisa para criança! Ou no mínimo, não sem supervisão dos pais!
Não aceito que a web, o facebook, twiter e seja lá mais o quê, sejam apontados como culpados por crianças serem vítimas de pedófilos, adolescentes saberem/praticarem mais sexo que seus próprios pais, de casamentos acabarem, e outras culpas que atribuem ao mundo virtual.
Todas essas coisas acontecem por conta do mau uso dessa ferramenta chamada internet. Mau uso por ignorância (não sabe mexer? NÃO MEXA!), mau uso por más intenções (afinal, o que não falta à humanidade é falta de caráter!) e mau uso por NÃO SER PARA CRIANÇAS!
É muito fácil empurrar para os professores a função de educar os filhos e ao mesmo tempo, quando estes tentam educar, repreendê-los por tentarem.
É muito fácil largar os filhos na frente do computador, dar smartphones e assim eles ficam quietos e não enchem o saco.
É muito fácil querer que o mundo, essa escola de coisas nem sempre altruístas e valores corretos, eduque seus filhos e depois quando a "merda acontece", se dizer vítima, espernear que a culpa é dos outros.
Não. A culpa é dos pais! Sempre.
Ser pai/mãe, casados ou não, não é uma tarefa simples. Não é algo para que estejamos 100% preparados ainda que tenhamos planejado. Crianças não tem botão de desliga, não vem com manual de instrução, não tem certificado de garantia e se você não gostar... não dá para devolver ou trocar!
Ser pais é tarefa em tempo integral, para toda a vida. Significa que nos vinte anos seguintes, sendo otimista, a sua vida pára. Param os seus objetivos pessoais e estes são substituídos pelos dos seus filhos! Deixamos de ser indivíduos e sim, sacrificamos nossa vida pelas nossas crias! E fazemos isso por amor! Para que elas cresçam, desenvolvam sua plena capacidade e alcancem mais do que nós alcançamos.
Isso importa que cuidemos, eduquemos, sustentemos, amemos, disciplinemos e supervisionemos. Tudo de perto! Não basta dar tudo. Às vezes importam mais as sanções que as permisões!
E aqui respondo mais demorada mas também mais profundamente a pergunta feita à mim no sábado. Escolhi não ter filhos por não poder ser a mãe que minha mãe foi para mim. Por hoje em dia essa mãe que eu poderia ser, estar condenada, ser proibida. Claro que outros fatores participaram dessa "decisão" mas esses aí tiveram e tem um peso grande nesse raciocínio.
Não sou claro, a dona da verdade. Essa é a minha verdade somente.
Um comentário:
Kiki sua verdade é de uma pessoa ciente, ou melhor consciente, do que é educar. Bem diferente de boa parte da população, que reproduz, e não sabe o que é educar. Aí cria-se os Nardonis da vida, onde se mata a filha e depois chama o pai pra resolver o problema.
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