Seja muito bem vinda! Cá estou eu, a Nolita, colocando as bagunças, traquitanas, criações e algumas criaturas para você ler, aprender, comentar, divergir e se divertir!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Não sou melhor que ninguém. E isso vai ser longo...



Não. Não sou mesmo. Para dizer a verdade, se pudesse do avesso ser virada... não seria uma boa coisa.
Primeiro por ser humana. O ser humano padrão é naturalmente ruim. O que nos difere dos ditos animais selvagens é a civilização.
No momento em que decidimos em comunidade viver, mas mais que isso, em sociedade civilizada viver, deixamos a selvageria e nos atribuímos a qualidade de sermos criaturas boas.

Basta deixarmos de lado por instantes a civilização e com isso a civilidade, que demonstramos nossa verdadeira natureza, ruim. Alguns são tão ruins que cometem atrocidades com outras espécies e com a sua própria. Mas a maioria fica nas pequenas malvadezas mesmo: grosseria, falta de caráter, traição de todo tipo, corrupções...

Mas o assunto sou eu. Por natureza humana sou ruim.
Coube aos meus pais desde meu nascimento (como cabe até hoje a todos os pais e mães) civilizar-me. Educar-me com amor e sim, severidade se preciso, para que eu aprendesse corretos valores, alinhasse minha moral, entendesse o que, nos tempos que vivemos é o certo e o errado.
À eles se juntaram uma boa escola católica, e religião será em breve comentada aqui, uma convivência saudável de amizades, o Movimento Escoteiro e muitos mais ambientes e pessoas.
Ainda hoje meu processo de civilização continua. E principalmente porque eu tenho consciência de minha natureza. Sei o que posso fazer à outrem e a mim mesma se sair da linha, se soltar a besta que em todos nós adormece.
Isso posto, guardem essa noção na mente e acompanhem meu divagar.

Profissões e “títulos” não traduzem a natureza de ninguém. Mais ainda, não definem o caráter de ninguém, certo?
O fato de alguém ser médico, por exemplo, não é prerrogativa para dizermos que ele é uma pessoa correta no proceder, com bondade em seu escopo, com caráter. Pode ser um médico extremamente competente em sua profissão e ainda assim ser um pedófilo (para chocar logo).
Um engenherio pode ser o mais “fuderoso” em construção de pontes sobre abismos e em casa espancar esposa e filhos.
Uma CEO de multinacional pode ser uma fera no gerenciamento de pessoas e estar desviando dinheiro da empresa que trabalha para uma conta nas Ilhas Cayman, vai saber.
E chegamos ao cerne da questão. Um pastor evangélico pode ser eloquente no púlpito, “conhecedor” de cabo a rabo das escrituras sagradas, ser o responsável por centenas terem voltado à retidão em suas vidas. Isso não o define como santo, não o coloca acima dos demais e muito menos é prova de caráter!

Não sou evangélica. Não sou católica. Sou de uma família católica, e a família do meu marido (exceto ele) é evangélica. Meu cunhado é pastor. E aviso logo que ele não é o assunto aqui. O assunto não é genérico. É direcionado. Mas, se a mais alguém a carapuça servir, que sirva para uma reflexão sobre caráter.

Mas quis o destino que volta em meia em esbarre com pastores em minha vida. Pastores do tipo ruim.
O que são pastores do tipo ruim?
São aqueles que se apresentam com o título na frente o tempo todo.
“Bom dia, sou o pastor fulano de tal.”
Não interessa se ele está na padaria, na loja de material de construção, no diabo que o carregue. Ele é o pastor fulano de tal, não somente fulano de tal.

Sou arquiteta. Quando em uma obra que vou visitar, quando vou à uma reunião de projeto, quando estou trabalhando, costumo ser apresentada como a arquiteta. Mas em todo o resto sou eu somente. A Maria Nolita. Porque raios o fulano de tal tem que a todos dizer seu título (algumas vezes auto referendado) se não está em ambiente eclesiástico? Eu digo o porque. E digo com conhecimento de causa. Porque isso o faz parecer acima do bem e do mal. Ele é pastor!
E se é um pastor, é uma pessoa que tem intimidade com o divino, é alguém santificado...

Que ele e todos os que assim se comportem se dirijam ao escorrega do capeta! Isso para ser polida ainda.
Você é pastor? Nada significa para mim seu título. Na verdade ele coloca sobre você uma avaliação minha, muito mais criteriosa. Coloca você sob as lentes de meu microscópio. E eu costumo acertar em minha avaliação de caráter. Se ela diz que sob essa capa de pastor está um zémané que acha que está acima dos outros, normalmente está correta.

Minha avaliação funcionou mais uma vez. Tenho dois vizinhos pastores. Um acho que deixou de ser, a igreja faliu. Mas é prego, para continuar na “gentileza”. Fez umas duas babaquices, melhor, tentou fazer, foi devidamente “alertado” de onde estava pisando, uma vez por mim, outra pelo marido. E sábiamente botou a viola no saco e nem anda na mesma calçada que a gente.

O mais recente até que estava manso, sem dar muita pinta. Fez umas merdas, cruzou umas linhas que não devia (estamos falando de vizinhança e convivência entre vizinhos, ok?) mas eu estava aliviando pois o cara não é daqui, meu marido ficava dizendo que provavelmente ele estava se adaptando, não sabia bem onde tinha se metido...
Mas eu não erro. O alerta para escrotice apitava e não queria desarmar.

Pronto. Confirmado foi. E é da pior espécie. É aquele que fala manso, finge ser desentendido. Liga para dirimir problemas em horários em que sabe que falará com a esposa, com a parte fraca do casal.
Tolinho... primeiro encarou a mim. Como disse, eu não sou boa. Não sou muito menos mansa. Sou franca, direta e sem melindres. Tente me enrolar e passo com um rolo compressor em suas mentiras. Depois deu azar pois o marido em casa estava e como eu percebi que estava para sair do trilho, passei o telefone para ele.
Com o meu marido, combinou de conversar para resolver o tal problema, marcou dia e hora, e não deu as caras!
Muita água rolou sob essa ponte, do tipo não abrir o portão para nos atender e ficar do outro lado do muro dizendo que a mulher estava passando mal e ele não podia conosco falar.

Estou com obra em minha casa, acelerada e fora do orçamento previsto por conta das confusões dele e da imobiliária e a mulher dele fica gritando com meu eletricista para ele não ousar andar no telhado dela. Oi? A obra é na casa dela por um acaso? O cara está pendurado na minha varanda e ela reclama com ele?

Não somos maus vizinhos acreditem. Somos vizinhos que não dão festas, não fazem algazarra. Se meus cachorros começam a latir sou a primeira e ver o que acontece justamente para ninguém reclamar do barulho pois incomoda. Respeitamos quem nos respeita. Mas não confundam isso com mansidão, com babaquice. Isso se chama respeito.

E eu especificamente sou quieta. Você é pastor, pai de santo, padre, monje? Problema seu. Para mim isso não diz nada, não fede não cheira. Primeiro você é ser humano. Homem ou mulher, ser humano. E filho, isso não faz de você porra nenhuma, somos todos farinha podre. Poucos, poucos mesmo, salvam. Seu caráter não vem do seu posto, da sua crença. Seu caráter vem de você. E se você é mau caráter... não tem religião, não tem cargo, que esconda isso.
Então, se não quer que a caixa de pandora se abra e você descubra que pior que manifestações e capetinhas incorporados, é estar na minha linha de fogo, não venha tentar fuder com minha paz.
Minha paciência é curta. Tão curta para escrotice que na verdade ela nem existe.

Entrou na linha de fogo? Levante seus escudos. A artilharia não é leve...


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